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domingo, 24 de agosto de 2014

Cenas de um casamento

A igreja onde se casou a minha amiga Marilene tinha um padre muito conservador.
Todas as noivas eram obrigadas a passar pela confissão antes do casamento, e nessa ocasião ele perguntava se ela era virgem. Caso a resposta fosse negativa - lembremos que é pecado mortal mentir na confissão - ele celebrava a cerimônia com a faixa de seda, que usava na cintura, virada para o lado contrário.
Já que tal procedimento não era segredo, a intimidade da noiva ficava exposta a todos. Ou seja, o padre, além de conservador, era um grandessíssimo fofoqueiro, e praticava dois atos bastante graves: transformava-se em inquisidor, cometendo assédio moral no momento em que o seu papel deveria ser o de ouvinte e orientador, e ainda revelava publicamente um segredo de confissão.
Apesar de todo o conservadorismo e sisudez reinantes naquela paróquia, a Marilene rebelou-se contra a tradição da marcha nupcial sem graça que era tocada em todos os casamentos. Escolheu uma balada romântica da nossa banda de rock favorita e levou a partitura para o coral da igreja. Até onde sabíamos, essa mesma música era muito tocada em casamentos lá nos Estados Unidos.
O pessoal do coral gostou, aprovou e começou os ensaios. Enquanto isso, prosseguindo com o nosso espírito de rebeldia, resolvemos introduzir mais uma inovação: noiva e madrinha vestidas exatamente da mesma maneira, até na cor!
Fomos às lojas de noivas, pesquisamos, e escolhemos um modelo simples, discreto e elegante. Mandamos fazer dois exatamente iguais. A única diferença seria o véu na cabeça da Marilene. Era um símbolo de que “nem o casamento vai atrapalhar a nossa amizade”.
Convidada usando branco já é considerado gafe imperdoável, o que dizer então de uma madrinha em pleno altar? Mas nós éramos assim mesmo, muito rebeldes.
No momento em que ela entrou na igreja e o coral deveria iniciar a linda e emocionante balada romântica da nossa banda predileta, o que aconteceu? Ouviu-se aquela mesma música chata de sempre.
As fotos registraram as nossas caras de decepção, mas todos interpretaram como “emoção”. Que emoção que nada! Era decepção misturada com frustração e raiva daquele padre estraga-prazeres.
Final da história: todos os que foram à cerimônia ou à festa de casamento encararam com aparente naturalidade a semelhança dos nossos trajes. Dias depois espalhou-se a notícia de que, lá na Europa, isso era a última moda.

Imagens:
https://www.etsy.com
http://www.photofacefun.com

2 comentários:

Anônimo disse...

As melhores e maiores amizades são aquelas que não se deixam separar por nada, inclusive pelo próprio destino que leva cada um à um caminho diferente.

Zulmira Carvalheiro disse...

Essa é uma grande verdade, poeta :)