Manhã bem
cedinho. Andando rápido pela Rua Direita.
Rápido rápido
quase correndo na direção da Praça do Patriarca.
“Não posso
perder o ônibus fretado. Não tenho dinheiro para táxi. Ônibus comum vai me atrasar. Sem chance. Tô na experiência, se atrasar já
era.”
Depressa,
mais depressa!
E lá ia
quase correndo.
Cruzando o Largo
da Misericórdia, uma mulher estacou alguns metros à sua frente. Virou-se, atarantada, olhou ao redor e gritou: “Pedro! Pedro!”
Dava pra
perceber: era caso de criança perdida.
Não se via
nenhuma criança por ali. Onde raios estaria o menino?
A mulher
passou a gritar mais alto, em tom mais desesperado: “Pedro! Pedro!”
Mas que
droga de mãe era aquela que não segurava a mão do filho ao andar pela Rua
Direita?
E agora? Não
podia parar, sob pena de perder o ônibus fretado.
Tanta gente na rua, alguém na certa ajudaria.
Apressou-se mais ainda a fim de compensar os segundos perdidos na hesitação.
Os gritos ficaram para trás.
“Pedro! Pedro!”
“Pedro! Pedro!”
2 comentários:
Olha só um pequeno texto com tanto significado. Assim que terminei de ler pensei:"Quantas vezes temos ignorar fatos ao nosso redor para não afetar a nossa rotina?". Gostei muito da cena, instiga muito a reflexão.
Obrigada pela visita e pelo comentário, Beto. Muitas e muitas vezes passamos por coisas assim. Somos obrigados a fingir que não nos importamos, no entanto nos importamos sim. Só não sabemos como agir.
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