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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Flores de maracujá

No fundo de uma chácara vivia um pé de maracujá. Em um dos seus ramos desabrocharam duas flores. Uma era grande, bonita, perfeita. A outra, que deveria ser sua irmã gêmea, sofreu ataque de um inseto ainda quando em botão, por isso ao abrir-se estava defeituosa e feia. Porém, já que os seus órgãos vitais não haviam sido prejudicados, existia a possibilidade de que frutificasse normalmente.

A esse respeito conversavam dois passarinhos pousados ali perto. Tudo leva a crer, diziam eles, que a flor bonita será logo polinizada e transformada em um belo fruto. A outra também será polinizada, afinal os insetos não escolhem as flores pela sua perfeição, mas o seu fruto não será tão grande e saudável.

Estavam nessa conversa quando se aproximou do pé de maracujá um garotinho, filho do dono da chácara. Ele olhou, olhou... parecia estar procurando alguma coisa no meio das folhas.

Que garoto mal informado! - refletiram os passarinhos. Não vê que ainda não é tempo de fruta? Vai ter que esperar mais um pouco para apanhar os maracujás.

Então, de repente, o garotinho colheu a flor bonita!

Os passarinhos levaram um susto! Essa não! Como pode esse menino estragar tudo assim? O fruto mais bonito dessa planta não vai mais existir! Que perda lamentável!

Um dos passarinhos ficou muito intrigado e resolveu investigar. Por que alguém colhe uma flor de uma planta frutífera assim, tão insensivelmente? O que o menino pretende fazer com ela? Será que vai comê-la? Existe salada de flor de maracujá? Que intrigante!

E lá se foi ele voando atrás da criança que levava com muito cuidado aquela flor, como se fosse uma joia delicada. Minutos depois o passarinho voltou para contar ao colega o que vira.

Amigo, disse ele, o menino entrou na casa e eu o perdi de vista. Fui olhar pelas janelas para ver aonde ele tinha ido. Foi para o quarto da avó. Coitada da velhinha, está de cama. Fiquei observando e prestando atenção. Ele entregou a flor para a avó. Ao recebê-la ela deu uma risada de alegria, e disse que estava muito feliz porque era a sua flor predileta. E que aquela era a mais linda de todas, especialmente porque tinha sido colhida pelo seu netinho tão querido. Depois o abraçou e lhe deu um beijo.

Dito isso, os passarinhos voaram e foram embora.

A história não termina aqui, mas não sei o que aconteceu depois.

Será que a velhinha curou-se, de tão feliz que ficou com a flor oferecida pelo neto? Será que a flor bonita viveu ainda muito tempo dentro de um copo d’água em cima do criado-mudo?

Ou será que a velhinha morreu e a flor enfeitou o seu caixão?

A flor feinha, o que terá acontecido a ela? Foi polinizada? Ou murchou sem se transformar em fruto? Caso tenha frutificado, terá sido um fruto saudável que virou um delicioso suco - ou talvez comida de pássaro, espalhando suas sementes para germinarem por aí? Ou será que caiu ainda verde do ramo em uma tarde de chuva?

Impossível ter certeza sobre o que aconteceu. Só existe uma coisa certa nesta vida: raramente as coisas acontecem como parece que vão acontecer.

Indiferente a todas as incertezas, o pé de maracujá continuou lá, florescendo lindamente a cada primavera.

Imagem: http://anidri-villa-southwest-crete.blogspot.com.br

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