Onde comprar "Os meninos da Rua Beto"



Divirta-se com um livro diferente de todos os que você já leu!

"OS MENINOS DA RUA BETO"

acesse:

http://inquietovagalume.blogspot.com.br/p/os-meninos-da-rua-beto.html

.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Fergus e Brianna

    Brianna chegou e foi direto para o quarto. Já entrou tirando os sapatos.

― Fergus! Deitado no meu travesseiro, né?
― É macio. Perfumado.
― Tá bom. Mas não acostuma, tá?
― Estou aquecendo pra você.

    A menina largou a bolsa em qualquer lugar e se atirou na cama.

― Ai que cansaço.
― Pode ir contando. Como foi a festa? Ela é bruxa mesmo?
― Ha ha ha! Se ela é bruxa eu sou a Deusa Aine.
― Pelo menos a comida foi boa?
― Foi. Batata frita, sanduíche e refrigerante. De sobremesa, pudim e brigadeiro.
― Sagrados chifres de Cernuno! Não tinha ervas para colocar nos pratos? Louro, erva-doce, alecrim...
― Não! Só ketchup e mostarda!
― Nem um pouquinho de hidromel?
― Nada! Só refrigerante e água.
― Por que ela pensa que é bruxa?
― Ela ganhou um livro sobre o tema. Leu, achou bonito e pá! virou bruxa.
― Se fosse assim eu lia um livro sobre panteras e virava uma pantera negra poderosa no meio de uma floresta selvagem.

    Brianna se espreguiçou toda como uma felina sonolenta.

― Ainda bem que eu já nasci maravilhosa. Não preciso me transformar em nada.
― Além da comida o que mais teve na festa? Dança em volta da fogueira?
― Ah isso teve sim. Foi na área de serviço, em volta de uma churrasqueira portátil cheia de carvão aceso.

    Normalmente impassível, Fergus se remexeu como se alguma coisa o incomodasse.

― Churrasqueira portátil? Não entendo.
― Uma dessas redondas, que parecem um caldeirão.
― Não tinha fogo? Só carvão aceso?
― Isso mesmo. A mãe dela disse que fogo era muito perigoso.

    Fergus abriu a boca mas não emitiu nenhum som. Ficou alguns instantes pensativo.

― Por que na área de serviço e não ao ar livre? Ela não tem um quintal, um jardim?
― Tem. Mas a mãe dela não deixou fazer a dança no quintal por causa da friagem da noite.

    Dessa vez Fergus não se conteve e soltou um grunhido. Imediatamente ouviram-se risadas endoidecidas vindas do corredor. Brianna levantou-se depressa e abriu a porta. Seu irmão mais novo e um coleguinha riam e faziam gestos desencontrados.

― Sai daqui, moleque! Vai procurar o que fazer!

    O garotinho continuou dando gargalhadas e cutucou o amigo:

― Eu não te falei, Felipe? Eu não te falei? A minha irmã conversa com o gato!

    Felipe, sem nenhuma cerimônia, correu para dentro do quarto. Sobre o travesseiro de rendas brancas, em pose majestosa, repousava um belíssimo gato preto. 

     Imóvel, Fergus o encarava com ar de reprovação, uma expressão quase humana nos olhos verdes, luminosos. O menino gritou de susto e saiu correndo. 

― O que foi, Felipe? O que foi? O que aconteceu?

    Sem parar de correr, já descendo as escadas, ele respondeu com voz estridente, carregada de pavor:

― O gato falou comiiiigo! O gato falou comiiiigo!


Imagem: http://www.chickensmoothie.com

5 comentários:

Zulmira Carvalheiro disse...

Nesse caso, parece que sim! :D

Anônimo disse...

Há mais história algum tipo de continuação?

Zulmira Carvalheiro disse...

Não há continuação. É apenas um conto curto. Às vezes escrevo textos assim, que dão a impressão de que poderiam ter uma sequência. Porém faz parte da brincadeira deixar o leitor completar, caso deseje, com sua própria imaginação. Para ilustrar o que acabo de dizer, sugiro uma visitinha ao conto "O seio de Tétis". 😉
http://inquietovagalume.blogspot.com/2016/10/o-seio-de-tetis.html

Maria Regina Vicente Espinhosa disse...

Ótima 👏👏👏🐈🐈🐈

Anônimo disse...

Obrigada, querida Rê! ❤